Breve introdução à medicina chinesa

zhongyi, medicina chinesa.
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Neste artigo, apresento uma breve introdução à medicina chinesa (中醫 Zhōngyī), tradição milenar reconhecida como um dos grandes sistemas médicos mundiais. A medicina chinesa é uma tradição antiga.  Surgida há aproximadamente 4500 anos, com mais de 3770 anos de história documentada. Possui um vasto repertório de teorias, métodos diagnósticos e terapêuticas, além de milênios de experiência clínica acumulada.

Seu objetivo original é prolongar e nutrir a vida. Isto está expresso nos textos clássicos. Portanto, seu foco está na saúde e na longevidade, mais do que na doença. Isto é importante para compreender corretamente o seu enfoque.

Sobre os clássicos

Nesta breve introdução à medicina chinesa, vamos começar falando dos seus clássicos. Pois ela tem uma bibliografia muito vasta. Vejam que, só para dar uma ideia de sua antiguidade, seus dois principais clássicos ainda em uso, o Clássico Interno do Imperador Amarelo (Huángdìnèijīng 黃帝內經) e o Clássico das Dificuldades (Nànjīng 難經), datam pelo menos da dinastia Han. Ambos foram escritos sob a forma de um diálogo, com perguntas e respostas.

O Clássico Interno do Imperador Amarelo (Huángdìnèijīng 黃帝內經) é atribuído ao lendário Huangdi, um dos fundadores da civilização chinesa, que teria vivido por volta de 2600 a.C. O livro é formado por dois volumes, Questões Simples e Eixo Espiritual, que traz suas conversações com seu conselheiro médico, Qibo. A edição que chegou aos dias de hoje é baseada na edição de Wang Bing, de 762 d.C., durante a dinastia Tang.

O Clássico das Dificuldades (Nànjīng 難經) é atribuído a Bian Que, médico famoso do período dos Reinos Combatentes, dotado de habilidades de diagnóstico quase sobrenaturais. Além disso, ele é também um importante precursor da pediatria chinesa.

Mas, apesar da sua antiguidade, são considerados tão profundos que praticantes contemporâneos de medicina chinesa continuam a estudá-los até hoje, juntamente com os manuais modernos.

A racionalidade médica chinesa

Ainda que seja um tema vasto demais para esta breve introdução à medicina chinesa, precisamos falar dele. A medicina chinesa tem uma racionalidade própria. Pois seus dois fundamentos principais são a filosofia Yin-Yang e a teoria dos Cinco Movimentos. Então, falemos deles brevemente. Uma explicação mais detalhada de cada um pode ser tema uma postagem no futuro.

Yin-Yang (陰陽) é a forma mais elementar para classificar todos os fenômenos da vida. Embora muita gente pense que são duas coisas diferentes, na verdade, não podemos separa-las: como os dois lados de uma mesma moeda, ou dois momentos de um mesmo processo. Ao mesmo tempo, eles se completam, se alternam e se opõem.

Os Cinco Movimentos (五行) são uma maneira parecida, mas mais diversificada de falar da mesma coisa. Eles são Madeira (木), Fogo (火), Terra (土), Metal (金) e Água (水). Dentro de cada um dos Movimentos, existem aspectos Yin e Yang. Mas também relativamente uns aos outros, há Movimentos mais Yin ou mais Yang.

Todo o restante da teoria médica chinesa, a teoria dos órgãos internos; o sistema de canais e colaterais; etiologia e patologia; bem como os métodos de diagnóstico e de tratamento, são aplicações destes dois fundamentos. Por isso, podemos dizer que, para entender a medicina chinesa, precisamos entender Yin-Yang e Cinco Movimentos.

Métodos terapêuticos

Nesta breve introdução à medicina chinesa, vamos listar e descrever rapidamente os seus métodos. São eles: acupuntura, moxabustão, ventosaterapia, guasha, massagem Tuiná, dietoterapia, fitoterapia, exercícios, etc.

Certamente, a acupuntura é o método mais famoso. Quase todo mundo já ouviu falar de inserir agulhas no corpo para tratar doenças. Mas nem todo mundo sabe que isto é feito de forma precisa. Coloca-se as agulhas em locais e trajetos específicos, segundo um conhecimento sistemático do corpo e do efeito das agulhas em seu funcionamento. Elas tem formato e espessura especiais, mais finas que agulhas de injeção ou de tatuagem.

Moxabustão é a aplicação de calor sobre diferentes pontos, por meio da queima da “lã” de artemísia. Ela é moldada em bastões, bolas, cones ou grãos, segundo a necessidade. Além de gerar calor, a planta tem também propriedades medicinais.

Vamos falar dos métodos restantes mais brevemente. As ventosas são copos de chifre, bambu, porcelana, vidro ou, atualmente, plástico, que produzem sucção e estimulam a circulação sanguínea. Guasha é uma espátula, originalmente feita de chifre, usada para raspar a pele. A massagem Tuiná usa várias técnicas de terapia manual, pressionando pontos, mas também deslizando, friccionando, golpeando e pressionando diversas áreas do corpo. Há também o uso da alimentação como remédio, baseada na compreensão da natureza da doença e na constituição do paciente. A medicina chinesa tem também fitoterapia. Suas fórmulas combinam plantas medicinais, ingredientes de origem animal e mineral, para uso interno ou externo, de acordo com a condição do paciente.

E por fim, existe também um amplo repertório de exercícios terapêuticos, utilizados para preservar a saúde, prevenir e tratar doenças e prolongar a duração da vida: Qigong, Daoyin, Taijiquan, etc. Utiliza-se inclusive a meditação, normalmente entendida como prática espiritual. Afinal, a calma e o equilíbrio emocional são importante fator de saúde.

Concluindo…

Concluindo esta breve introdução à medicina chinesa, retomo o último ponto acima, para destacar a visão integral de saúde que a caracteriza. A medicina chinesa está atenta, ao mesmo tempo, ao bom funcionamento do corpo, ao equilíbrio emocional e à lucidez da consciência. Junto com outras medicinas tradicionais, ela foi pioneira em reconhecer a unidade mente-corpo e sua importância para saúde. Agitação mental e emoções muito intensas são causa possível de doença. Inclusive, o estado mental é um elemento importante no prognóstico sobre sucesso do tratamento.

Além disso, a medicina chinesa não se preocupa só com o tratamento das doenças, ela age preventivamente. Por causa disso, parte do seu trabalho é orientar sobre dieta, sono, exercício e estilo de vida. Isso evita o agravamento de doenças já presentes e o surgimento de doenças evitáveis, além de auxiliar no tratamento.

Ela é praticada atualmente em mais de 180 países em todo o mundo.

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